[Texto de um tempo atrás...]
Quem sou eu?
Passei os melhores dias de minha vida subindo em goiabeiras, comendo ariticum, andando na capoeira. Lembro dos jogos de futebol no campo aos domingos e da festa que era quando meu avô me dava uma Fruki de laranja que vinha em uma garrafa de cerveja. Num desses tantos domingos, em um encontro de família, minhas tias e minha mãe ficaram indignadas ao ver meu avô em campo, enquanto eu me encantava com um espetáculo que jamais esqueci:um belo gol de barriga!
Naquela época eu não imaginava que poderia perdê-lo e anos depois, durante uma viagem de 7h, indo ao encontro do que outrora fora seu corpo eu me lembrei disso e em meio a lágrimas brotou um sorriso. Mas não foi com sorriso que eu desci do carro naquele dia e qualquer um que me conhece jamais me viu tão mal. Não tinha forças pra ficar em pé, era incapaz de controlar o tremor do meu corpo, não conseguia ser forte, parecia um pesadelo! Ao ver seu corpo, eu tive a certeza de que tudo que eu amava nele não estava mais ali, de que sua alma já estava longe de nós e eu desabei... Ainda hoje é difícil falar sobre isso e quem me visse agora saberia.
Amenizando...
É importante dizer que mesmo tendo uma incapacidade natural de demonstrar sentimentos eu conheci muita gente boa. Grandes amigos deixei nos lugares por onde passei e, embora não os veja muito, eu sinto saudades dos tempos que vivemos e recordo cada instante com muita alegria.
Àqueles outros (poucos), que foram mais que amigos, sinto ter que dizer que sou o tipo de mulher que tem receio de se relacionar e que por isso tende a deixar mágoas... Sei que se eu tenho uma tarefa nessa vida é aprender a me permitir amar, acreditar e me entregar completamente a alguém.